terça-feira, 26 de novembro de 2019

A REFORMA DA PREVIDÊNCIA E OS APOSENTADOS


por Ediel Ribeiro


Rio - O Governo Federal afirmou que se as pessoas continuarem se aposentando cedo demais isso custaria R$ 700 bilhões ao Tesouro Nacional e quebraria a Previdência Social.


Isso tem prejudicado o relacionamento do governo com os aposentados que pareciam se dar bem um com o outro.


Bolsonaro só chamou os aposentados que foram às ruas protestar de “idiotas úteis”, porque pensou que eles queriam se aposentar para viajar para Cancún como queria o presidente da Câmara de Ribeirão Preto (SP), Walter Gomes (PTB).

 

Chegará o dia - se a classe não for extinta antes - em que os dois, aposentados e governo,  estarão frente a frente.

 

De repente, o aposentado diz ao ministro Paulo Guedes:

  - Sou um aposentado. Vim receber minha aposentadoria.

 

O ministro pergunta:

  - Quantos anos o senhor tem?

  - 65.

  - O senhor não tem vergonha de se aposentar tão jovem? Que exemplo o senhor quer dar para o país? O senhor ainda pode trabalhar até os 80 anos, tranquilamente.

 

O aposentado, meio surdo:

  - Hein? 80 anos!? Eu trabalho no campo. Na Lavoura. Olhe minhas mãos! Preciso descansar.

 

Paulo Guedes, como se não acreditasse no que ouviu:

  - O senhor sabia que Oscar Niemeyer trabalhou até os 104 anos?

 

O aposentado, resignado.

   - Eu quero apenas descansar e, se der, comprar um par de sapatos novos, ministro.

 

O ministro quase teve um troço:

  - O senhor quer dizer que vai comprar sapatos novos numa

época dessas? Não ouviu o presidente pedir para que se evite gastos supérfluos?

 

O aposentado, mostrando a sola do sapato:

  - O que o senhor quer dizer com “uma época dessas”? Veja

quantos buracos!! Chama isso de supérfluo?

 

Paulo Guedes:

  - Por acaso o senhor sabe que no nordeste existem milhões de

pessoas que nunca tiveram um par de sapatos, e nem por isso vivem tentando extorquir o governo?

 

  - Tudo bem, Ministro, não vamos discutir por uma coisa tão banal. Pensando bem, ele ainda aguenta mais uma meia-sola. Vou usar o dinheiro da aposentadoria para cuidar dos dentes. Há anos que não vou ao dentista - diz o aposentado, submisso.

 

O ministro:

 

  - Vai precisar de um salário mínimo para cuidar dos dentes!?

O que o senhor está pretendendo fazer? Uma incrustação de pedras preciosas?

 

O aposentado, abrindo a boca:

 

  - Ãh! Ãh! Vou colocar uma ponte!

 

O ministro, furioso:

  - Insensível!! Com esse dinheiro o governo resolveria o

problema de todas as pontes do país.

 

O aposentado, já convencido que estava pedindo demais:

  - Ministro, eu só quero resolver pequenos problemas que

tanto tenho adiado por falta de dinheiro...

 

O ministro, irritado:

  - E quanto aos problemas do governo? Já pensou neles?

 

O aposentado, sentindo-se como a tomada de três pinos, que tem sido a grande dor de cabeça do governo:


  - Desculpa, ministro, eu não pensei que pudesse prejudicar o

governo por tão pouco.

 

O ministro, arregalando os olhos:

  - Prejudicar? Se atendêssemos a vocês, aposentados, o país quebraria de vez.

 

O aposentado foi embora sentindo-se o ser mais desprezível da terra. Culpado por todos os males que afligem o governo. 

 

Inclusive, pelo Queiroz.


 

*Ediel é jornalista e escritor



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