segunda-feira, 6 de novembro de 2023

UM CARTUNISTA CHAMADO ALECRIM




por Ediel Ribeiro


Rio - Quando conheci Coentro, um cartunista carioca que, junto com Guidacci, Duayer, Nani e Jésus Rocha fundou no Rio o jornal de humor  ‘O Pingente’, achei que ele e o Aroeira eram os únicos cartunistas do mundo com nome de tempero. Até conhecer o Alecrim.

Como Coentro e Aroeira, Alecrim não é apelido originário da erva aromática usada como chá ou tempero no preparo de carnes, legumes, sopas e molhos. É nome mesmo. 

Claudio Alecrim Costa nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de abril de 1963. É Cartunista, ilustrador e designer gráfico, publicou seu primeiro trabalho no Pasquim, no início dos anos 1980. 

De lá para cá, teve trabalhos publicados nos jornais ‘Pasquim 21’; ‘Jornal do Brasil’; ‘O Dia’; ‘O Trem Itabirano’; ‘Riso Diário’; ‘O Cometa Itabirano’ e na revista ‘Bundas’.

Participou de salões internacionais e nacionais - entre eles, o ‘Salão Internacional de Humor de Caratinga’. Participou dos livros de humor "Isso é um Absurdo"; "Humor pela Paz", da Editora Virgo; e do livro ‘Tiras de Letra’ , projeto organizado pelo cartunista Mastrotti.

Como ilustrador fez trabalhos para a Editora Saraiva, FTD, Abril e SENAC. É membro da SIB (Sociedade dos Ilustradores do Brasil).

Mas nem só de jornais vive Alecrim. Após dois anos de pandemia e sem carnaval, o cartunista Alecrim criou a camiseta do bloco "Que merda é essa?", fundado em 1995 que integra a Sebastiana e se apresenta no carnaval de Ipanema e conhecido pela irreverência.

Seus desenhos, além de jornais e revistas, aparecem também  em coletâneas de humor, exposições nacionais e internacionais e em seu blog ‘Alecrim Charges’ https://www.facebook.com/alecrimcharges/

Fã dos quadrinhos da Editora Marvel, febre nos anos 70, o cartunista, em 2010, fez para o site de quadrinhos, ‘Bigorna.Net’, uma relação com os seus 10 melhores quadrinhos e autores preferidos. Alecrim citou Maurício de Souza, Ziraldo, Henfil e Laerte como os quatro maiores cartunistas brasileiros que mais o influenciaram.

Além desses, Alecrim  reconhece a importância (contra)cultural de Carlos Zéfiro, como o guerrilheiro erótico invisível do Quadrinho Nacional. 

“Carlos Zéfiro, com seu quadrinho erótico, veio suprir a falta de publicações do gênero numa época em que o erotismo era proibido no Brasil, por conta da ditadura militar. Por isso, seu trabalho é inesquecível para os jovens daquela época. Destaco sua obra pela originalidade e por ser um dos pioneiros de publicações independentes no Brasil” - disse.

Para o cartunista, Will Eisner revolucionou a linguagem dos quadrinhos! 

Ziraldo, pai de todos os cartunistas e quadrinistas brasileiros, com seu desenho elegante e inteligente, está entre os maiores do mundo!

Para o cartunista o garoto repórter aventureiro Tintim, do belga Hergé, deve estar em qualquer lista de grandes personagens dos quadrinhos. 


Maurício de Sousa, nosso Walt Disney, para Alecrim, foi o autor mais importante para o fortalecimento da indústria dos Quadrinhos Brasileiros.

Laerte, Glauco e Angeli, nossa eterna trindade, com seu quadrinho underground e moderno, estabeleceram uma linguagem que hoje ocupa lugar entre os clássicos do humor e da crítica social - diz.

Henfil é genial! Graúna, Zeferino e Ubaldo são alguns dos muitos personagens que o genial cartunista deixou para a cultura brasileira. Dono de um humor popular e ágil, seu trabalho percorre desde a seca do Nordeste até o mais urbano dos cenários, como as fábricas e times de futebol.

Sobre a MAD, do incensado editor Ota, Alecrim disse: “apesar de não ser uma revista propriamente de quadrinhos, tem em suas páginas personagens que influenciaram toda uma geração de humoristas pelo humor agressivo, de grande expressão gráfica. Foi através da MAD que tive meu primeiro contato com o humor gráfico”.

O cartunista também é fã do  inesquecível Recruta Zero, de Mort Walker. Para ele Zero talvez tenha sido um dos mais populares personagens do seu tempo de criança: “Em parte, pela imediata identificação com o tipo brasileiro, este incompatível com a rígida rotina militar, no seu mais amplo sentido” - disse.

*Ediel Ribeiro é jornalista, cartunista e escritor.


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