por Ediel Ribeiro
Lisboa - Portugal - Hoje fomos conhecer a Casa dos Bicos, na Rua dos Bacalhoeiros, 10, em Lisboa, onde funciona a Fundação José Saramago que oferece uma exposição permanente dedicada à vida e à obra de José Saramago.
A entrada custa 11 euros. Idosos pagam 6 euros e jornalistas não pagam nada. Estou adorando isso. Já visitei exposições, castelos e casas de cultura, sem pagar nada.
Na saída da Casa dos Bicos, fomos abordados por um senhor que dizia ter sido vizinho de Saramago, em Azinhaga, povoado na província de Ribatejo, a cerca de cem quilômetros de Lisboa.
O senhor, simpático, nos contou uma história sobre a infância do escritor que, confesso, não conhecia: “A família de Saramago era muito pobre e em épocas de crises, comiam saramagos - planta herbácea espontânea, cujas folhas, naqueles tempos, serviam como alimento nas cozinhas dos pobres. Quando foi registrar o filho, o funcionário do cartório, por iniciativa própria, acrescentou a alcunha pela qual a família do seu pai, também chamado José de Sousa, era conhecida na aldeia natal: saramago, por causa da planta”.
Só aos 7 anos, quando teve que apresentar na escola um documento de identificação, que o menino descobriu que se chamava José de Sousa Saramago, e não só José de Sousa. Saramago foi com a família para Lisboa depois da Primeira Guerra Mundial, onde acabou descobrindo o mundo das letras. Saramago foi um dos maiores escritores de língua portuguesa. Ácido,irônico, sarcástico e contestador, o escritor deixou uma obra vasta e de enorme importância para Portugal e para o mundo.
Autor de mais de 40 títulos, Saramago nasceu em 16 de dezembro de 1922, na Aldeia de Azinhaga. Em 1947 publicou o seu primeiro livro que intitulou "A Viúva", mas que, por razões editoriais, foi publicado com o título de “Terra do Pecado”.
Em 1971, começou a trabalhar como editorialista no "Diário de Notícias". Escreveu obras contundentes e definitivas como "Memorial do Convento", "O Evangelho segundo Jesus Cristo", "Caim" e "Ensaio sobre a Cegueira", obras traduzidas em todo o mundo.
José Saramago recebeu o "Prêmio Camões", em 1995, e foi o primeiro autor de língua portuguesa a ganhar o "Prêmio Nobel de Literatura", em 1998.
Saramago - que nunca ocultou a sua militância comunista - projetou mundialmente sua figura polêmica, pessimista, brilhante, ativista e incômoda em romances, poesias, teatro, crônicas jornalísticas e memórias.
Ateu e comunista, jamais deixou de falar de Deus e religião, em tom sempre crítico, ao longo dos seus 87 anos e em seus livros exemplares, e também de apontar o que considerava erros históricos da esquerda.
Além de sua Azinhaga natal, outro ponto de partida de Saramago é a ilha vulcânica de Lanzarote, no arquipélago das Canárias, onde se autoexilou com a mulher, a jornalista espanhola Pilar del Rio – que conheceu em 1986 –, a partir dos anos 1990, depois de ter seu livro “O evangelho segundo Jesus Cristo” censurado pelo governo do primeiro-ministro português Cavaco Silva.
Saramago já foi casada com a artista plástica Ilda Reis, com quem teve filha única, Violante. E viveu com Pilar em Lanzarote até a sua morte, em 18 de junho de 201
O escritor morreu em sua residência, em Lanzarote, no dia 18 de junho de 2010, aos 87 anos.
*Ediel Ribeiro é jornalista, cartunista e escritor.
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