sábado, 30 de julho de 2022

UM PAÍS MILITARIZADO




por Ediel Ribeiro

Rio - Ultimamente tem tantos militares ocupando cargos no governo, que muitos políticos estão pensando seriamente em entrar para as Forças Armadas.

Já são mais de 6 mil militares em cargos civis no governo de Jair Bolsonaro.

Quando Bolsonaro começou a cooptar militares para o seu governo, os pessimistas achavam que seriam poucos. Os mais pessimistas, no entanto, começaram a divagar sobre a armação de um possível golpe do Palácio do Planalto para manter o status quo.

Os fardados estão inclusive em áreas nas quais não tem nenhum conhecimento como o Ministério da Educação; o Ministério da Saúde; a Anvisa; o Incra; a Funai; o Ministério da Cidadania - ocupando a pasta responsável pelos Esportes - e o Ministério do Desenvolvimento Regional - ocupando o departamento responsável pela defesa civil entre outros.

Os militares já se espalharam em postos de direção ou em conselhos de administração de algumas das maiores empresas estatais do país, como Petrobras, Eletrobras, Itaipu Binacional, Telebras, Correios e Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.

Os mais realistas, creditam a invasão militar do governo ao fato de que o capitão não acredita nos políticos. Natural, o capitão sabe que políticos não são confiáveis e muitos não são sequer úteis. Alguns, inclusive, cumprem seus mandatos dormindo.Já os otimistas acreditam que o inchaço da máquina pública com os militares significa que seus adeptos militares estão contentes com o Brasil de Bolsonaro. Para eles, não há alta corrupção, destruição do meio ambiente, estupro e assassinato de indígenas, dissolução das instituições e afronta à autoridade do STF.

A escolha do general Heleno para o lugar do general Mourão - de quem Bolsonaro não compraria mais nem um carro usado - que perdeu a confiança do capitão, parece sinalizar nessa direção.

Alguns políticos acham que o principal motivo são os salários. Depois que os salários dos generais foram reajustados passou a ser mais vantajoso ser militar do que um simples deputado. Generais bolsonaristas, por exemplo, receberão acima de R$ 60 mil, furando o teto de R$ 39,2 mil, equivalente ao salário de um ministro do STF.

Os generais bolsonaristas Luiz Eduardo Ramos, Walter Braga Netto e Augusto Heleno, passaram a receber respectivamente R$ 66,4 mil, R$ 66,2 mil e R$ 63 mil por mês, depois de uma canetada do presidente Jair Bolsonaro, em maio de 2021.

A coisa anda tão em voga que eu já posso prever, num futuro próximo, o que acontecerá com a invasão de políticos na fila do alistamento militar:

- Vim me alistar no Exército Brasileiro! - disse o político.

- Porque o senhor quer servir ao Exército Brasileiro?

- Pelo salário!

- Qual a sua profissão?

- Político.

- Há quantos anos o senhor está na vida pública?

- 30 anos - respondeu o político.

- Qual a sua idade?

- 62 anos.

- O senhor não é muito velho para ser um soldado?

- O senhor não teria uma vaga de general? - perguntou o político.


*Ediel Ribeiro é jornalista e escritor.

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