domingo, 8 de agosto de 2021

O HOMEM MAIS FELIZ DO MUNDO



por Ediel Ribeiro

 

Rio - Livros de memórias são sempre uma reconstrução criativa, na qual se recriam fatos e histórias antigas, fisionomias que se foram, imagens de um mundo que já não existe mais.

No livro “O Homem mais Feliz do Mundo - A bela vida de um sobrevivente de Auschwitz” (Editora Intrínseca - 224 págs.), no entanto, tudo ainda está lá, do jeito que aconteceu, vivo, inclusive a resistência e a potente, contagiante e valiosa lição de resiliência.

Eddie Jaku, um sobrevivente do Holocausto, escreveu suas memórias para abrandar remosos, para dar sentido a vida, para dar testemunho de sua época e seguir em frente. 

No livro, dedicado às futuras gerações, Eddie reconhece o sofrimento, mas se nega a ser definido por ele . Logo no prólogo, Eddie diz:

“Meu querido novo amigo. 

   Estou vivo há um século e sei o que é olhar o mal na cara. Vi o pior da humanidade, os horrores dos campos da morte, os esforços dos nazistas para exterminar minha vida e a de todo o meu povo.

   Mas hoje me considero o homem mais feliz do mundo.

   Ao longo de todos esses anos, aprendi o seguinte: a vida pode ser bela se você a torna bela.

   Vou lhe contar minha história. Algumas partes dela são tristes, com muita escuridão e muita dor. Mas é uma história feliz no fim, porque felicidade é algo que podemos escolher. Cabe a você”.

Eddie Jaku nasceu na Alemanha, em 1920, como Abraham Jakubowicz. Preso em novembro de 1938, durante a Segunda Guerra Mundial; foi mantido prisioneiro por sete anos nos campos de concentração de Auschwitz e Buchenwald. Em 1945, escapou da ‘Marcha da Morte’ ao ser resgatado por soldados aliados. 

Cinco anos depois, mudou-se com a família para a Austrália, onde vive até hoje. É casado com Flore há 47 anos e tem dois filhos, netos e bisnetos. Em 2021, um ano depois de celebrar seu centésimo aniversário, sua biografia venceu o prêmio australiano ‘ABIA- Biography Book of the Year’.

 Mais do que judeu, Eddie sempre se considerou alemão. Ele sentia orgulho do seu país natal e não compreendeu o violento antissemitismo que assolou a Alemanha. Após esta profunda decepção e todas as provações pelas quais passou, Eddie jurou sorrir em todos os dias que ainda lhe restam de vida.

Esta obra poderosa e emocionante - uma linda homenagem àqueles que não resistiram - é uma lição de esperança que nos mostra que, mesmo após situações tenebrosas, ainda é possível ser feliz. 

“A vida pode ser bela se você a torna bela. Cabe a você.” - diz Eddie.

*Ediel Ribeiro é jornalista e escritor.


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