
Rio - “HÁ VAGA PARA MINISTRO DA SAÚDE”. Diz a placa na porta do Palácio do Planalto.
Acredita-se em Brasília que uma das razões de o presidente Jair “Cloroquina” Bolsonaro não ter divulgado ainda o nome do novo Ministro da Saúde é que ele procura alguém que pense como ele.
O que complica a escolha é que no meio acadêmico, intelectual, médico, científico e até - pasmem - entre os analfabetos funcionais, não tem ninguém que veja a crise sanitária como o capitão vê.
As negociações durante a semana foram difíceis e tensas. Depois de entrevistar dezenas de candidatos, chegamos a um impasse.
Logo que a médica cardiologista Ludhmila Hajjar, de 42 anos, cotada para assumir o cargo de ministra da saúde, deixou a reunião com o Presidente da República, Jair Bolsonaro, no Palácio Alvorada, na tarde deste domingo (14), o Secretário Especial de Comunicação Social da presidência, Flávio Rocha, entrou.
- Presidente, já podemos anunciar a dra. Ludhmila Hajjar como a nova Ministra da Saúde?
- Alto lá! No tocante a essa “cuestão” daí, nós não chegamos a um acordo. Eu não achei ela preparada para ocupar o Ministério da Saúde.
- Mas, presidente, a doutora é formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, com residência médica no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; diretora de ciência e tecnologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia; coordenadora das UTIs de cardiologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia; coordenadora das UTIs do Instituto do Coração e do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo e professora associada da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Como ela não é apta!!!??? O SEU MINISTRO É UM PARAQUEDISTA!!!
- O ministro é o ministro, eu vou dar a ele toda a autonomia, mas quem manda sou eu, taokey? Disso daí eu não abro mão!!
- Que autonomia é essa, presidente? O senhor não entende nada de medicina! Em que ponto vocês divergiram?
- Ela veio falar num tal de juramento de hipócritas que ela fez e que não podia abrir mão de algumas convicções.
- É, hipócrates, presidente!!
- É isso daí.
- Mas, por quê ela não aceitou o cargo?
- Na “cuestão” do tratamento precoce ela é contra a cloroquina, a ivermectina, a azitromicina, o zinco...
- Toda a comunidade científica é, presidente. O mundo todo é contra esses tratamentos.
- E o que eu vou fazer com toda aquela cloroquina que está estocada nos quarteis? Eu preciso passar aquilo pra frente. Tem cloroquina em estoque pra mais de vinte anos!
- Presidente, todo médico sério vai questionar a cloroquina e apoiar o lockdown. Assim o senhor não vai arranjar um ministro da saúde competente.
- E se a gente tentar outro paraquedista?
- Outro paraquedista, presidente?
-
É. Mais magro.
*Ediel Ribeiro é jornalista e escritor.
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