sábado, 25 de abril de 2020

ÍNDIO, UM ÍDOLO


por Ediel Ribeiro

Rio - Pois é. Lá se foi o Índio, ex-centroavante do Flamengo. Só soube dias depois. Quase nenhum jornal noticiou. Estavam ocupados demais com a pandemia.

Aluísio Francisco da Luz, nasceu na cidade de Cabedelo, na Paraíba, em primeiro de março de 1931. Aos cinco anos de idade mudou-se para o Rio de Janeiro, onde iniciou a carreira de jogador profissional, em 1947, no Bangu Atlético Clube, onde ganhou o apelido de Índio.
Dois anos depois, transferiu-se para o Flamengo, time pelo qual se consagrou, atuando em 202 jogos. Formou com Joel, Rubens, Benitez e Esquerdinha, o 'rolo compressor' do Flamengo, na primeira metade dos anos 50. Foi o décimo maior artilheiro da história do rubro negro, marcando 144 gols. 
O ataque rubro-negro ganhou a denominação de 'rolo compressor' por ter goleado o Vasco da Gama, seu arqui rival por 4x1 na decisão do campeonato carioca. Jogo disputado no dia 10 de janeiro de 1954, no Maracanã com público de 132.500 torcedores.
Centroavante forte, ágil e ótimo cabeceador, a história do jogador se mistura com a do Flamengo. No rubro negro jogou até 1957, e fez parte do time que conquistou o segundo tricampeonato estadual da história do clube, em 1953-1954-1955.
Em 1957, Índio foi contratado pelo Corinthians. Pelo alvinegro paulista fez 101 jogos e marcou 52 gol. Jogou também no Espanyol (Espanha) e pelo América do Rio de Janeiro, onde encerrou a carreira, em 1965. 
Conheci Índio no clube 'Vale do Ipê', onde joguei com ele num time de veteranos, onde jogaram, entre outros, Marquinhos, ponta-esquerda que jogou no Vasco, Flamengo e Fluminense e Mendonça, ex- Botafogo.

Índio era, também, treinador na escolinha de futebol do clube. Foi o primeiro treinador do meu filho, Eddie e o principal responsável por ele ter seguido a carreira de jogador profissional.

Foi um grande prazer tê-lo conhecido, ter jogado com ele e de ter, algumas vezes, bebido com ele - ele, só refrigerante - e de ter tido a alegria de conhecer alguém que ajudou o Rio ser mais Rio e o Flamengo mais Flamengo.
Índio era um grande papo. Um grande contador de causos. Eu gostava de ouvir suas histórias. Como, por exemplo, a do dia em que Togo Renan Soares, o Kanela - maior treinador da história do basquete brasileiro - o viu jogando uma pelada na Ilha do Governador e o levou para o Flamengo, quando ainda era jogador do Bangu.
Outra, sobre o ídolo Zizinho: “A gente (os juvenis) não chegava perto dele, não. Ficava de longe só olhando. Eu ia para o campo nos treinamentos e ficava observando muito o Zizinho, não é? Como ele corria, como jogava. Passei até a imitar ele depois”, relembrou. 
Mais uma: Ìndio gostava de lembrar os quatro gols marcados na vitória elástica por 12 a 2 sobre o São Cristóvão, na maior goleada da história do Maracanã.
Em sua trajetória pela seleção brasileira participou de 10 jogos e marcou 5 gols, fazendo parte do time que disputou a Copa do mundo de 1954, na Suíça. Com a camisa da Seleção também disputou a Copa América de 1957.
Índio também teve presença decisiva nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1958, foi titular e marcou o gol mais importante da carreira em uma das partidas decisivas contra o Peru que deu a vaga para o Brasil.
Índio, porém, não foi à Copa. Um dedo mindinho quebrado, dias antes da convocação do técnico Vicente Feola para a Copa do Mundo de 1958, fez o atleta ver a sua vaga sendo ocupada por "um certo" Pelé, então um jovem promissor de 17 anos.
Além de um grande jogador - um dos mais importantes da história do Flamengo e do futebol brasileiro - era um grande homem, humilde, gentil e generoso.
Índio, irônicamente, faleceu no 19 de abril de 2020 - 'Dia do Índio' - no Rio de Janeiro, aos 89 anos.
Uma grande perda para o esporte e para nós que éramos seus amigos e fãs. 
Adeus, amigo.

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