quinta-feira, 2 de junho de 2016

FREUD, WILDE E BUKOWSKI

FREUD, WILDE E BUKOWSKI
por Ediel

RIO - Sonhei que estava sentado num bar bebendo com Freud, Oscar Wilde e Charles Bukowski. 


O bar é sujo, mais do que um pouco decadente.


Por entre as mesas vazias quase se pode sentir o cheiro da cerveja e dos cigarros amassados no chão.


Freud fala da mãe de Charles.


Wilde, de poesia e Bukowski de putaria.


Eu ouso, compenetrado, os três.


Freud vê na mente obscena de Bukowski, um complexo de Édipo mal resolvido.


Oscar Wilde confronta Freud com a perfeição impossível, as convenções estabelecidas pela psicologia e a mortalidade inevitável.


Bukowsky manda os dois se fuderem.

Eu bebo.


Wilde rebate Bukowski: "O senhor dispõe só de alguns anos para viver deveras, perfeitamente, plenamente. Quando a mocidade passar, a sua beleza ir-se-á com ela, deveria aproveitá-la melhor".


Sempre haverá o whisky e as mulheres, seu viado, diz Bukowski.


Freud bate no ombro de Wilde, resignado, e os dois entornam a bebida goela à baixo.


Bukowski enche meu copo e continuamos bebendo, calados.


Fica um silêncio pesado no ar.


O ceticismo, a indulgência e o desprezo pela vida venceu a poesia e a psicologia.


* Ediel é jornalista e escritor

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