por Ediel
O patrulhamento tá foda!
Tem leitor - são poucos, mas tem - dos meus textos que se ofende quando a gente escreve "merda", "porra" ou outro palavrão qualquer.
As vezes, o palavrão é redundante, mas dá graça, força e personalidade ao texto.
Calma, gente!
Explico: Sou um jornalista da época do Pasquim.
O Pasquim, pra quem não sabe, foi um tabloide de humor irreverente, que, entre outras coisas, mudou a forma de se escrever na imprensa brasileira.
Pela primeira vez, um jornal foi escrito inteiramente com a linguagem coloquial - incluindo aí os palavrões.
Usando a linguagem riquíssima do nosso povo, porém esquecida pelos acadêmicos.
Eu falo assim.
Eu escrevo assim.
O tempo já libertou certos xingamentos.
Hoje, "merda", "cacete" e "puta que o pariu", entre outros, virou linguagem popular.
Ninguém mais se ofende com isso.
Ou, quase ninguém.
Lembrei de uma história célebre do grande escritor Graciliano Ramos, quando revisor da seção editorial do Correio da Manhã.
Um dia, Graciliano estava lendo um texto e leu a palavra "Outrossim".
No texto, a palavra se repetiu várias vezes: outrossim, outrossim...
Por fim, gritou: "Outrossim é a puta que o pariu!"
E riscou a palavra sórdida.
O Pasquim, para nossa sorte, converteu o expletivo de Graciliano em texto completo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário