por Ediel
A Rua Mem de Sá, na Lapa, como toda rua que se preza, tinha um bar.
Pra ser franco, faltava muito pra ser um bar. Era um pé-sujo.
Pequeno. Pequenino. Miudinho, até. Tipo bunda-de-fora.
Mas era famoso. Lá, Jaguar e Madame Satã tomavam porres de proporções bíblicas; sempre seguidos pelos olhos atentos do proprietário, o lendário Seu Oswaldo, fundador da casa.
Era a Casa da Cachaça, um buteco onde os notívagos vinham pra tomar a última da noite; ou levar pra casa, uma das dezenas de cachaças raras da coleção do bar.
Eu tinha um bar perto dalí: o Retiro dos Artistas, na Rua dos Inválidos, e passava de madrugada no charmoso buteco pra tomar a saídeira, enquanto esperava o taxi.
Jaguar morou alí perto, num apart-hotel que a modernidade trouxe para a Lapa. Junto com ela - a modernidade - vieram os mauricinhos e expulsaram as prostitutas e os travestis.
Depois disso, a Lapa nunca mais foi a mesma.
Nem nós.
N.A. :A Casa da Cachaça ainda existe, sem o antigo glamour, claro.
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